sexta-feira, 27 de março de 2020

Jogo de Sombras I

(Foto: celine)

Eu não tenho estantes altas, saturadas de livros, a forrar as paredes da sala.
Mas, suspeito que, no tecto da minha sala nasçam flores...

Tempo lento

(Cais das Colunas - Lisboa
Foto:celine)

"Mas, enquanto este tempo passa lento
De regerdes os povos, que o desejam,
Dai vós favor ao novo atrevimento,
Para que estes meus versos vossos sejam,
E vereis ir cortando o salso argento
Os vossos Argonautas, por que vejam
Que são vistos de vós no mar irado;
E costumai-vos já a ser invocado."

(Luís de Camões, Os Lusíadas, canto primeiro, estrofe 18).

Mãos II

(Jardim Gulbenkian - Lisboa
Foto: celine)


"MÃOS

Côncavas de ter
Longas de desejo
Frescas de abandono
Consumidas de espanto
Inquietas de tocar e não prender."

(Sophia de Mello Breyner Andresen, in Obra Poética I).

terça-feira, 17 de março de 2020

Tatuagem

(Jardim Gulbenkian - Lisboa
Foto: celine)


"........................................................................….
E vejo-te nesta linha de luz em que se liberta
uma intimidade de respiração, com a realidade do teu rosto,
o desenho de pétala do verso que te envolve, e
o breve gesto da despedida em que o amor se demora."

(Excerto do poema "A imagem da flor", de Nuno Júdice)


E, pergunto eu:

Que código
é esse, inscrito no teu braço,
com que abraças
no incógnito?





domingo, 15 de março de 2020

Mãos I

(Numa porta, algures em Lisboa…
Foto: celine)
 
 
"...…...........................…
Se me vagueio, encontro só indícios…
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios…"
  
(Excerto do poema "Quase", de Mário de Sá-Carneiro)