sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

(Costa da Caparica - Portugal
Foto e edição: celine)
Ah! Se fechar o ano de 2018
enclausurasse todas as atrocidades
contra a humanidade,
que extraordinária
seria a despedida
deste ano velho!

Todavia,
será apenas a diferença
de um dígito;
a passagem
de mais um dia...







terça-feira, 13 de novembro de 2018

(Praia da Bela Vista, Costa da Caparica
Foto: celine)

Ir...
abrir a porta ao sol
acariciar a areia
saudar o mar
abraçar a vida!

Fui.

(Hangzhou, República Popular da China
Foto:celine)




Tropecei num fruto de casca doce.
Atraí-me em todas as suas pérolas de sumo.

Consumi-me do seu sabor amargo.

Esqueço-me numa fruteira corroída...






terça-feira, 30 de outubro de 2018

(Foto: celine)

Juntam-se em noite de borriço,
dentes de rato
penas de grifo
rabos de lagarto
espinhos de ouriço,
envolvem-se com aparato,
e sai amizade em feitiço.

Happy Halloween

quinta-feira, 25 de outubro de 2018


(Edição de imagem: celine)

Seria maravilhoso
traduzir esta alquimia
para a rotina do meu dia-a-dia,
não fosse a inconveniência
de ter contas em pendência...
E não seria fabuloso
alijar a contabilidade impertinente -
de luxos e caprichos em haveres;
de lidas e fadigas em deveres -
numa aritmética menos exigente:
dividindo espaços a conhecer;
multiplicando momentos a viver?...

Tomara-me a coragem.

Tomara-me o saber...


 

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

(Beijing, República Popular da China
Foto: celine)

Já não cantam rouxinóis nas gaiolas douradas do Império do Meio...
São, hoje, gaiolas vazias, que douram o olhar que espreita por entre as grades da história.
Gaiolas baloiçando no silêncio de um outro império, à espera que regresse o seu mandarim...


segunda-feira, 6 de agosto de 2018


Primeiros dias de Agosto.
Na canícula opressiva, uma brisa quente suspira nas folhas secas que rolam pelo chão empedrado.
Um silêncio sepulcral, como convém ao lugar.
Não se vê ninguém. Apenas algumas negras andorinhas pontilham num céu azul acinzentado, opaco.
São cinco horas de uma tarde que esmorece numa agonia de calor.
O presente em nada perturba esse tempo e esse lugar; nesse espaço, só as memórias se refrescam...
Num outro princípio de Agosto, não muito distante, no mesmo lugar, já te encarceravam num tempo sempiterno, Pai.  







terça-feira, 3 de julho de 2018

(Pastelaria Suíça - Lisboa
Foto: celine)


O pai: "- Queres outro bolo?"
A mãe: "- Queria, sim!"
Voltavam a entrar na pastelaria e repetiam o "duchesse" ou o "esquimó".
Foi há praticamente 60 anos, quando os meus pais casaram.
E a cena repetir-se-ia todas as semanas, até eu nascer......

Hoje voltei lá, já só com a minha mãe, no preto&branco dos contornos da memória, em jeito de...

FAREWELL, SUIÇA!

quarta-feira, 13 de junho de 2018

(Urdaibai Biosfera Erreserba - Euskadi (País Basco)
(Foto: celine)

 
E este verde,
que refulge como fagulhas,
que é imenso, de tão intenso,
assalta-me e mergulha
nos meus olhos adentro!


terça-feira, 12 de junho de 2018

(Foto e texto: celine)

(Festividades de Santo António de Lisboa)

Ó meu Santo António rico,
meu rico Santo Antoninho, 
rega-me d'água o manjerico
e rega-me a mim de vinho!

domingo, 6 de maio de 2018

Dia da Mãe


Na alvorada brilhante dos teus olhos,
é todo um sol de amor que desponta
para a doce jornada da tua boca…
 
O teu sorriso, Mãe.


terça-feira, 10 de abril de 2018

(Barreirinhas -Maranhão, Brasil
Foto: celine - 2006)


Meninos...

correndo leves e velozes
com os pés descalços de tristezas;
perdendo-se em sorrisos
por ruas amplas de liberdade;
a sua fortuna,
chutar numa bola de falsa pele,
farrapos autênticos de alegria...
com o corpo curtido,
pela chuva ácida, e no sufoco da poeira,
suam os cristais de inocência da infância...
na areia fina dos seus lençóis,
constroem castelos de sonhos
dos homens que serão amanhã...
mas no hoje, que é já ontem,
o mundo deles cabe todo
no foco da minha objectiva.






(Praia do Castelo-Costa da Caparica, Portugal
Foto: celine)



A vida é breve.
A passagem dos mortais comuns
recorta-se, momento a momento,
em  silhuetas de existências
no fundo crepuscular da vida.


A existência é leve.
A passagem do tempo ordinário,
ora rasteira-se em horas mortas
ora ilude-se em dias felizes...

O tempo é o presente;
falho do passado,
tosco de futuro.

Está tudo, ainda, por fazer...



quinta-feira, 5 de abril de 2018


(Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica
Foto: celine)

ama pola ama pola ama
pola ama pola ama pola
ama pola ama pola ama
.......................................
ama ama ama ama ama

sábado, 31 de março de 2018

(Foto: celine)




Num perfume de rosas, sente-se amor... sente-se paz!...
Boa Páscoa!


sábado, 3 de março de 2018

(Cabo da Roca, Sintra - Portugal
Foto: celine)


No espelho de um charco de lama,
pude rever-me em amor.
Quem diria?...






À procura de alívio das dores?

Chega de receios.
Chega de hesitações.

Descubra o mundo! 




Sai e não olhes mais para trás!


Vai. 
Lança-te à deriva pelo mundo.
Mergulha na dor imensa da humanidade
E acharás o alívio para a tua dor egoísta.


(Outdoors das estações do Metropolitano de Lisboa
Fotos: celine)






22:10

Suspiro.
Apago a luz.
Deito-me.

E fecho os olhos...



Toca o despertador.
Acordo.

11:00

Dirão, talvez, os que aí estão a ler isto:
"- Acordaste tarde."
Respondo eu:
"- Sim, acordei tarde.
..............................................................
Para a vida."


(Fotos: celine)

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

(Monte de Santa Tecla, Galiza - vista da praia do Moledo, Caminha-Portugal
Foto: celine)



De que são feitas as memórias?
Passeio-me ao longo da praia, numa tarde farrusca.
Olho mais além, para o imenso ermo galego, e torno à velha questão:
quem sou eu?...

Desde que sou presente,
já passou meio século
neste lado do universo.

Depois de tantos rodados,
para norte e de volta para sul,
na prazerosa N13, agora veloz A1!

Olho para trás,
nessa outra estrada da vida…
o que aconteceu, desde a partida?... 
Passeio-me ao longo da praia, descobrindo, na branca espuma, o desfio da água turva das memórias. 
Memórias… 
… de enrolar-me pequenina no colo do pai,
a sentir a voz sumir-se-lhe
sob o peso das pálpebras teimosas…
…das castanhas a estalarem nas brasas
do alambique de aguardente,
saltitantes nas mãozinhas de petiza…
… do equilibrismo do fim da infância,
balouçando na escada de madeira podre
a arrancar bagos de moscatel e de alvarinho…
… dos banhos a espertar a adolescência,
na cascata entonada do tanque,
na hora do sol dourar a parreira…
…de me agachar, desde sempre,
sobre a terra húmida,
a sentir-lhe o cheiro da chuva…
… do fumeiro nas narinas,
a crepitar nas queimadas
das manhãs brumosas de invernia…
… do costurar do vento,
nas agulhas afiadas dos pinheiros,
o véu da nortada a desvelar a chuva…
…de mergulhar a alma
na água ferrosa do pote negro,
vertida na alva selha dos banhos…
... das francas gargalhadas maternas,
amassando a alegria de bolos e merendas,
a envolver-nos no coração de mel...
… das rosas abertas,
a perlarem de orvalho
o acordar de cristalinas manhãs…
… da primeira (des)ilusão de amor,
assobiada nos bicos dos pés,
sob uma cepa de vinho verde…
... da fresca alma minhota da mãe
chacoteando as compras matinadas,
a aliviar a carga nas costas galegas...
… do pinheirinho de Natal,
aos ombros do pai, caminhando ao lado
o arrastar do machado na volta dos pinhais… 
Passeio-me ao longo da praia;
dos salpicos salinos das ondas
outras pérolas salgadas
saltam deste rosário de contas.
De que são feitas as memórias, afinal? 
Talvez de longos passeios à beira mar…



sábado, 20 de janeiro de 2018

(Foto: ANTONINO DIAS
Autor do livro de fotografia "Costa Vicentina e Outros Lugares")


Duas cabeças coroadas,
à porta do inverno,
discutiam animadas:

"Quando a primavera chegar,
saias de pétalas iremos tecer!
Aspergiremos no ar
perfumes de entontecer!"


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

(Bairros de Alfama - Lisboa
Foto: celine)

a palavra

que não é apenas
uma arma de arremesso
na batalha
de dias ingloriosos
um imperativo categórico
de vozes
pretensamente influentes

a palavra

que é também
uma flor
para corações solitários
uma clareira
para almas angustiadas

a palavra

que é um alfabeto de sentidos
do engano
da esperança
do desespero
do bem-querente
da raiva
do amor

a palavra

que é
maldita
tão prenhe
bendita
tão estéril

a palavra

equipa
de letras
diversiva