segunda-feira, 27 de abril de 2020

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Os livros

(Foto: celine)

Dia Mundial do Livro

"Tudo, mas tudo o que o Homem criou, para o livro conflui e nele se concentra. Nele se exprime o próprio ser do Homem. (...) O livro ergue-se diante de nós como um arquétipo, ou uma forma primitiva. Nele se concentra e resume a existência universal."

(Romano Guardini, Elogio do Livro)

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"Quem não se lembra como eu dessas leituras feitas em tempo de férias, que íamos esconder atrás umas das outras em todas as horas do dia que fossem suficientemente calmas e suficientemente invioláveis para poderem dar-lhes asilo."

(Marcel Proust, O Prazer da Leitura)

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"Um livro é uma coisa entre as coisas, um volume perdido entre os volumes que povoam o indiferente Universo, até que encontra o seu leitor, o homem destinado aos seus símbolos. Acontece então a emoção singular chamada beleza, esse mistério belo que nem a psicologia nem a retórica decifram."

(Jorge Luís Borges, Biblioteca Pessoal) 

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"Na verdade acontece muitas vezes ir-se à biblioteca porque se quer um livro cujo título se conhece, mas a principal função da biblioteca, pelo menos a função da biblioteca da minha casa ou da de qualquer amigo  que possamos ir visitar, é de descobrir livros de cuja existência não se suspeitava e que, todavia, se revelam extremamente importantes para nós."

(Umberto Eco, A Biblioteca)

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"Ao erguer pilha atrás de pilha de volumes conhecidos (reconheço alguns pela cor, outras pelo formato, muitos por um pormenor nas capas, cujos títulos tento ler ao contrário ou de um ângulo inadequado), pergunto-me, como de todas as outras vezes, por que motivo guardo tantos livros que sei que não voltarei a ler. (...) Mas sei que a principal razão por que continuo a acumular  este espólio que não pára de crescer é uma espécie de avidez voluptuosa. (...) Deleita-me saber que estou rodeado  por uma espécie de inventário da minha vida, com prenúncios do futuro."

(Alberto Manguel, Uma História da Leitura)  


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sexta-feira, 17 de abril de 2020

Pérola d'água

(Foto: celine)

"UM DIA NÃO MUITO LONGE
NÃO MUITO PERTO

Às vezes sabes sinto-me farto
por tudo isto ser sempre assim
Um dia não muito longe não muito perto
um dia muito normal um dia quotidiano
um dia não é que eu pareça lá muito hirto
entrarás no quarto e chamarás por mim
e digo-te já que tenho pena de não responder
de não sair do meu ar vagamente absorto
farei um esforço parece mas nada a fazer
hás-de dizer que pareço morto
que disparate dizias tu  que houve um surto
não sabes de quê não muito perto
e eu sem nada pra te dizer
um pouco farto não muito hirto e vagamente absorto
não muito perto desse tal surto
queres tu ver que hei-de estar morto?"

(Ruy Belo, Homem de Palavra[s])


quinta-feira, 16 de abril de 2020

Fora da Caixa


 Fora da caixa


(Miradouro São Pedro de Alcântara - Lisboa
Foto: celine)

"O conjunto dos meus sintomas consiste na atracção que sinto por tudo o que está estragado e rachado, e por tudo o que é imperfeito e defeituoso. Tenho particular interesse por formas imperfeitas, erros na criação, becos sem saída. Por tudo aquilo que deveria desenvolver-se e que, por qualquer motivo, ficou atrofiado ou, pelo contrário, excedeu as medidas previstas. Por tudo o que escapa à norma, que é demasiado pequeno ou demasiado grande, exuberante ou incompleto, monstruoso e repugnante. Formas que não obedecem à simetria, que se multiplicam, que rebentam pelas costuras, que desabrocham por todos os lados ou que, pelo contrário, reduzem a diversidade à uniformidade. (...) Nutro a convicção, constante e cansativa, de que é precisamente no campo das anomalias que o verdadeiro ser vem à superfície e revela a sua natureza."

(Excertos de "Viagens", de Olga Tokarczik)

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Jogo de Sombras II

Jogos de Sombras

"Não é que tenhamos uma reserva a priori relativamente a tudo o que brilha, mas, a um brilho superficial e gelado, preferimos sempre os reflexos profundos, um pouco velados (...) profundos e espessos como um pântano, um encanto novo e bem diferente."

(Foto: celine)


"Alguns poderão dizer que a beleza enganadora criada pela penumbra não é a beleza autêntica. Todavia, e tal como o dizia atrás, nós os Orientais criamos beleza ao fazermos nascer sombras em locais por si mesmo insignificantes. (...) [C]reio que o belo não é uma substância em si, mas apenas um desenho de sombras, um jogo de claro-escuro produzido pela justaposição de diversas substâncias."

(Foto: celine)

(Excertos de texto extraídos de "Elogio da Sombra, de Junichiro Tanizaki)

terça-feira, 14 de abril de 2020

Escuridão vs. Luz

Os livros, que ficaram isolados na falta de tempo
do relógio atrasado dos nossos dias...

(Foto:celine)


Abrem as suas folhas brancas, que se enchem de luz,
nesta primavera do nosso confinamento.

(Foto: celine)