domingo, 23 de janeiro de 2022

(Foto: celine)


"A photograph is a secret about a secret. The more it tell you the less you know."

(Diane Arbus, fotógrafa)

 

(Foto: celine)

"There are times, of course, when the only possible reaction to life on the prairie is to be still."

(Robert Adams, fotógrafo)

 

 (Foto: celine)

"An old silent pond...
A frog jumps into the pond,
splash! Silence again."

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022


(Foto: celine)

"(...)
Ai! e com amor fundo e pio eu te amei, Luz sagrada,
Desde que nasci, e a ti, ó Terra!, e às tuas fontes e bosques,
E a ti, Pai Éter, a quem o meu coração sentiu com desejo
Puro e ardente - oh! acalmai, bons Deuses, o meu sofrimento,
Que a alma me não emudeça cedo de mais,
Que eu viva, e a vós, ó altas Potências celestes,
Dê graças ainda com canto piedoso no dia fugaz,
Pelo bem de outrora, pelas alegrias da juventude passada:
E então bondosos o solitário poeta levai para vós."

Excerto de "Aquiles" in Poemas, de Hölderlin)



 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

(Foto: celine)


"OS SANTOS REIS

A noite é fria, A lua é fria. A aragem corta.
Gelam os poços...
Plo silêncio fundo
Calaram-se os ganhões, de porta em porta,
Cantando, ensamarrados, as Janeiras.

Os campos amortalham-se em geada.
Não sei o que será das sementeiras
Com essa peneirinha arrenegada!

Quem são os três cavaleiros
que fazem sombra no mar?
Quem são, quem é que procuram
de noite e dia a trotar?

São os três reis do Oriente,
juntaram-se em romaria.
Andam a ver o Menino,
filho da Virgem Maria.

E a noite é só...
Num ar de maravilha
O círculo da lua amaciou-se.
Entre os piornos a geada brilha
com um fulgor mais doce.

E a terra dorme...
Sob céus pasmados,
florescem descampados,
a aragem, enternece-a um bafo morno.
Um grande alvor dos longes se apodera.
Toda a paisagem de Janeiro em torno
se alarga, se alumia, em Primavera!"

(António Sardinha)





 

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

(Foto:celine)


"A ESTRELA

Eu caminhei na noite
E entre o silêncio e frio
Só uma estrela secreta me guiava.

Grandes perigos na noite me apareceram:
Da minha estrela julguei que eu a julgara
Verdadeira sendo ela só reflexo
Duma cidade a néon enfeitada,

A minha solidão me pareceu coroa.
Sinal de perfeição em minha fronte.
Mas vi quando no vento me humilhava
Que a coroa que eu levava era dum ferro
Tão pesado, que toda me dobrava.

Do frio das montanhas eu pensei:
«Minha pureza me cerca e me rodeia».
Porém meu pensamento apodreceu
E a pureza das coisas cintilava
E eu vi que a limpidez não era eu.

E a fraqueza da carne e a miragem do espírito
Em monstruosa voz se transformaram:
Pedi às pedras do monte que falassem
mas elas como pedras se calaram.
Sozinha me vi, delirante e perdida
E uma estrela serena me espantava.

E eu caminhei na noite; minha sombra
De gestos desmedidos me cercava
Silêncio e medo
Nos confins dos desertos caminhavam:
Então vi chegar ao meu encontro
Aqueles que uma estrela iluminava
E assim me disseram: «Vem connosco
Se também vens seguindo aquela estrela».
Então soube que a estrela me seguia.

Era real e não imaginada.
Grandes e humanas miragens nos mostraram
Em direcções distantes nos chamaram
E a sombra dos três homens sobre a terra
Ao lado dos meus passos caminhava.
E eu espantada vi que aquela estrela
Para cidade dos homens nos guiava.

E a estrela do céu parou em cima
duma rua sem cor e sem beleza
Onde a luz tinha o mesmo tom que a cinza
Longe do verde-azul da Natureza."

(Sophia de Mello Breyner Andresen) 

 

Em nome das paixões intemporais...



(Fotos: celine)



 "- As velas - diz distraído, quando lhe saltam à vista os restos fumegantes das velas do candelabro, colocado na borda da lareira. - Olha, as velas arderam até ao fim.

(...)
Pensas também que o significado da vida não seja outro senão a paixão, que um dia invade o nosso coração, a nossa alma e o nosso corpo, e depois arde para sempre, até à morte? Aconteça o que acontecer? E que se nós vivemos essa paixão, talvez não tenhamos vivido em vão? É assim tão profunda, tão maldosa, tão grandiosa e desumana a paixão?... E talvez não se dirija a uma pessoa em concreto, mas apenas ao desejo mesmo?... Essa é a pergunta. (...)"

(As velas ardem até ao fim de Sándor Márai)

(Foto: celine)



"Fear blows wind into your sails."