quinta-feira, 20 de junho de 2024

 SOLSTÍCIO DE VERÃO III

(Foto: celine)

"Casámo-nos as duas num Verão - querida -
Tua Visão - em Junho -
E quando a curta Vida Te falhava,
Também - eu me cansava com - a minha -

E ultrapassada pela Escuridão - 
Onde me abandonas Tu -
Também - eu - recebi o Sinal -
Por Alguém que levava uma Luz -

Sim - Diferentes o teu Futuro e o meu -
A tua Casa - olhava para o sol -
E rodeando a minha - a toda a volta - 
Só o Norte e Oceanos - nada mais

Sim, o Teu Jardim, o primeiro a Florir,
Enquanto o meu - de Orvalho - costurado -
Porém, um Verão, fomos ambas Rainhas -
Mas Tu - em Junho foste coroada -"

(Emily Dickinson in Duzentos Poemas)


 SOLSTÍCIO DE VERÃO II

(Foto: celine)

"O Sol era poente - e mais - poente -
Mas nem Cor da Tardinha - 
Eu via sobre a Vila, pois só de Casa
Em Casa era alto dia - 

O Crepúsculo caía - e mais - caía - 
Mas na Erva nem Orvalho - 
Somente em minha Fronte ele parava -
E vagueava pela minha Face -

Os meus Pés dormitavam - dormitavam -
Mas os dedos, despertos - 
Porquê, porém, em tal silêncio - Eu
Ao meu próprio -  Semblante?

Antes, que bem a Luz eu conhecia - 
Eu via a luz agora - 
É Morrer - o que faço - e todavia
Não sinto medo algum de conhecer -"

(Emily Dickinson in Duzentos Poemas)


 SOLSTÍCIO DE VERÃO I


(Foto e edição: celine)

"DAI-ME O SOL

Dai-me o sol das águas azuis e das esferas
Quando o mundo está cheio de novas esculturas
E as ondas inclinando o colo marram
Como unicórnios brancos."

(Sophia de Mello Breyner Andresen in Antologia Poética I)