domingo, 31 de dezembro de 2017


(Serra do Louro, Palmela - Portugal
Foto: celine)

O amor é o adubo de esperança que alimenta a vida.
Cultivemos intensivamente o amor e...


FELIZ ANO NOVO!


sábado, 23 de dezembro de 2017

(Azevinho da Serra do Louro, Palmela - Portugal
Foto: celine)

no rubro que regenera a vida, o ânimo pulsando;
pelas veredas verdejantes da esperança, caminhando;
o ouro da paz, o diamante da alegria, brilhando
no coração de cada um de nós... e

FELIZ NATAL


quinta-feira, 30 de novembro de 2017

(Sanfins, Valença
Foto: celine)

Por vezes, o silêncio é mais feroz que a palavra gritada.

(Bairro do Avillez - Lisboa
Foto: celine)

De que são feitas as memórias?
Da branca luz dos sonhos descobrindo-se nas trevas do pensamento.

domingo, 22 de outubro de 2017

ÁGUA-ROSADA (II)


(Convento de Sanfins, Valença - Portugal
Foto: celine)

Sanfins -
o tempo gradeado
num silêncio sem fim.

No parlatório,
a alma que grita
numa solidão monacal.



(Costa da Caparica - Portugal
Vídeo: celine)

Um longo passeio
à borda d' água;
as ondas prendem-me os pés.

No peito, trago
o coração refém
de sofrimentos.



(Foz do Minho, Caminha - Portugal
Foto: celine)

Recolheu, o pescador,
as redes de prata;
e regressa na hora de ouro.

Sob sonhos dourados,
vou-me enredando
em argentinas esperanças...

*

 








quinta-feira, 19 de outubro de 2017

(Foto: celine
Samsung Galaxy S5)
 
A PRIMEIRA CHUVA
(no rescaldo do verão incendiário)  
 

Abençoada sejas, água dos céus!
Só pecas por tardia.
Agora, só arrefeces cinzas...
restos de morte humana,
carvão de misérias da vontade política.
Porque te fizeste rogada, qual amante caprichosa?
Porque desprezaste o fogo que se acendia
nas gargantas sequiosas das terras;
que atearam línguas de fúria a devorarem
gentes e casas, enfarruscadas
na aflição da humanidade?
Porquê, ó fonte da vida,
cedeste tu às fossas da morte?
Nem as trovoadas do desespero das gentes
relampejaram as tuas gotas ácidas,
a queimar a tristeza de outras gotas de sal!
Essas vociferações de Júpiter, agora,
afogam-se por tardias...
só esfriam vergonhosas cinzas,
só envenenam gargantas secas,
desbotam-se na vaidade política...

e respingam, sob as botas lamacentas dos homens!

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

ÁGUA-ROSADA (I)



(Foto: celine)

Uma toalha no estendal,
onde o sol brinca
com uma macieira.

Sonhando...
Desejando...
Esperando...

(Sanfins - Valença, Portugal
Foto: celine)

O vento da serra,
intermitente,
sopra em que sentido?

A que serve
o corpo vivo
se a alma fenece?

(Gandra - Valença, Portugal
Foto: celine)

A primeira chuva,
diluindo o sol
numa aguarela de outono.

Qual a causa
que me inunda
de insatisfação?

*




quinta-feira, 20 de julho de 2017

quarta-feira, 19 de julho de 2017

domingo, 16 de julho de 2017

(Puxada das redes - Arte da Xávega, Costa da Caparica
Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial
Foto: celine)

"Shakespearean fish swam the sea, far away from land;
Romantic fish swam in nets coming to the hand;
What are all those fish that lie gasping on the strand?"

(Three Movements, W. B. Yeats)


quarta-feira, 3 de maio de 2017


 
Quando o tempo era d' ouro...
 
(Rio Douro, da Régua ao Pocinho)
(Fotos: celine - Canon EOS1000F, analógica, 2005)
APEADA

Discutiram.
Ele: "- Ó minha linda, eu sei que tenho mau feitio, sou assim e não vou mudar".
Soou o alarme da desilusão. O comboio chiou nos carris do desgosto. Seguiu-se uma paragem brusca no sentimento.
Ela apeou-se.
Naquele instante, ela, percebeu que se perdera no sentido daquela viagem.
A meio do jantar em casa, ele gritou-lhe: "- Ou mandas arranjar a fechadura da porta ou eu não ponho mais aqui os pés!"
Ah!... Pudera, ela, ser o revisor do comboio, e intimá-lo: "- O senhor não apresenta bilhete válido para esta viagem. Queira abandonar de imediato este comboio."
No lugar de seixos roliços a ajustarem-se ao trilho sinuoso, eram pedras aguçadas que saltavam, a entravar o percurso periclitante daquela viagem.
E ela já nem percebia para que destino de vida a levava, deixar-se ir naquele comboio, aos tropeções nas pedras...
Ela: "- Só conheces a palavra 'Não'?..."
Ele: "- Sim. 'Não' é uma palavra bonita. Eu gosto da palavra 'Não'."
Quase sempre assim, grãos de areia grossa picavam-lhe a alma. E nem umas gotas de sal para a retemperarem daqueles solavancos de jornada; afinal, tão distante que viajava do mar de venturas em que pensara...
Por isso, ela apeou-se. Ali mesmo, no apeadeiro do mau feitio.
Ela continua dentro do comboio.
Mas agora vai sentada, quieta, olhando a paisagem que se vive fora daquela locomotiva do descontentamento, estranha ao que se passa no íntimo da sua carruagem.
Não sabe o que vai acontecendo do lado de dentro. Nem quer saber.
Só lhe interessa ficar ali a ver a paisagem, fora dela, a correr veloz diante dos seus olhos, do outro lado da vida, vidrada na janela daquele seu comboio-fantasma.
Por vezes, percebe o reflexo do seu rosto no vidro e desvia-se por aqueles outros trilhos que lhe sulcam o olhar vazio, que é o seu.
Só a boca parece que resfolega energia, que vive, ainda.
Entreabrindo os lábios, sopra no vidro frio um bafo quente de "aaamooo-teee"; mas o eco morre-lhe no cubículo do peito atravancado de tristeza, fedendo a solidão.
E, mesmo ali, é sempre a sua imagem que aquele reflexo lhe devolve. Só, a sua imagem.
Mas logo, logo a paisagem lá fora distrai-a.
E aquela teimosia! de ir, assim, sentada de costas voltadas para a marcha do comboio, a ver a paisagem a fugir-lhe aos olhos, para acossar-lhe a alma.
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Ele: "- Queres ir jantar a um Indiano?"
Ela foi.
Foi, porque gosta muito de caril.
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Talvez um dia, um bandido assalte o seu comboio, brandindo no ar perigosas armas de mel.
A suceder-se uma travagem súbita no seu estupor, para fazê-la saltar do assento ao contrário, e, depois, lançá-la para fora, ao encontro do sentido certo da paisagem.
 
Talvez, um dia...
 ... ainda que chova...
 ... um amor bandido...