sábado, 8 de fevereiro de 2020

Gaivotas

(Foto:celine)


"Falo de ti às pedras das estradas, 
E ao sol que é loiro como o teu olhar, 
Falo ao rio, que desdobra a faiscar, 
Vestidos de Princesas e de Fadas.

Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;

Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!

E os meus gritos de amor, cruzando o espaço, 
Sobre os brocados fúlgidos da glória, 
São astros que me tombam do regaço!"

(Florbela Espanca, Charneca em Flor, canto VI)

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