Tríptico ou a
Modernidade de Neptuno
(Foto: celine)
- «Príncipe,
que de juro senhoreias,
De um Pólo ao
outro Pólo, o mar irado,
Tu, que as
gentes da Terra toda enfreias,
Que não
passem o termo limitado;
E tu, Padre
Oceano, que rodeias
O mundo
universal e o tens cercado,
E com justo
decreto assi permites
Que dentro
vivam só de seus limites;
«E vós,
Deuses do mar, que não sofreis
Injúria algua
em vosso Reino grande,
Que com
castigo igual vos não vingueis
De quem quer
que por ele corra e ande:
Que descuido
foi este em que viveis?
Quem pode ser
que tanto vos abrande
Os peitos,
com razão endurecidos
Contra os
humanos, fracos e atrevidos?
«Vistes que,
com grandíssima ousadia,
Foram já cometer
o Céu supremo;
Vistes aquela
insana fantasia
De tentarem o
mar com vela e remo;
Vistes, e
ainda vemos cada dia
Soberbas e
insolências tais, que temo
Que do Mar e
do Céu, em poucos anos,
Venham Deuses
a ser, e nós humanos.»
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