sexta-feira, 23 de agosto de 2019

E agora, Amazónia?
(Fotos e edição em vídeo: celine)

Em Abril de 2003, na minha primeira viagem ao Brasil, visitei a Amazónia.
Fiquei alojada no Ariaú Towers Hotel (que viria a fechar portas em 2015), cujos quartos e passadiços de acesso eram de madeira - que tresandava a um qualquer químico repelente das colónias de mosquitos autóctones - assentes em palafitas, dentro das águas do Rio Ariaú, afluente do Rio Negro, no Estado do Amazonas.
O hotel ficava praticamente camuflado na vegetação, então, muito verdejante, densa, enigmática, e a perlar-nos a pele da canícula húmida.
Disfrutei daquele pedaço da Floresta Amazónica, deliciei-me com os mimos dos engraçadíssimos saguins e relaxei nos tranquilos passeios de piroga, à pesca de piranhas, por entre os exóticos igapós.
Hoje, a Amazónia arde - e, ao que consta, irresponsavelmente.
O maior reduto de biodiversidade num contínuo espaço geográfico, elegido "pulmão do planeta", agoniza numa morte lenta, sufocando o resto da Terra no fumo negro de um futuro sustentável severamente comprometido.
Será a Amazónia o último paraíso... perdido? 

quarta-feira, 21 de agosto de 2019


Era uma vez...


américa cowboy
américa armada
américa beleza
américa negra
américa liberdade
américa sonho
américa violenta
américa blues
américa fingida
américa decadente
américa ingénua
américa crime
américa hippie
américa guerra
américa sonho
américa álcool
américa pop
américa droga
américa luxúria
américa sangrenta
américa rock
américa milionária
américa extravagante
américa paródia.

domingo, 18 de agosto de 2019

(Foto: celine)

Num breve momento à beira-mar, vejo, a rebolarem na água, uns óculos de natação e dois atilhos de cabelo, um deles, igualmente, de plástico.
Senti-me envergonhada.

Não por estes plásticos que apanhei no mar, mas, antes, pelas pulseiras de braço e de tornozelo, e o atilho de cabelo, que, habitualmente, uso na praia (como se vê na foto).
Essas pulseiras e o atilho têm componentes de plástico.
São acessórios de moda vistosos e dão-me um ar "summer fashion", mas, rapidamente, transformam-se em dejectos, em poluentes, se rebentarem os seus fios enquanto tomo um banho de mar.
Naquele breve momento, tive consciência do meu próprio erro e, por isso, senti-me envergonhada.
De ora em diante, no mar serei eu e o meu fato-de-banho, que, espero, não rebente os seus atilhos na água…

sexta-feira, 16 de agosto de 2019




Confesso que fui atrás da fotografia. Da palavra "fotografia".
Seguindo-se à degustação de "A Lancheira", será este, então, o novo cinema indiano, sem o "music hall" e o "happy end", com que Bollywood sempre nos embalara na grande tela.
Os planos das cenas, com algumas pausas de silêncio - a lembrar-nos Wong Kar-Wai, no seu fabuloso "In the Mood for Love" -, imagens cruas da exuberância do colorido e dourado com que os cartazes de turismo, à maneira bollywoodesca, pincelam a Índia venal.
Fora do desfile dos vistosos saris - são, todavia, subtis as cenas da escolha dos tecidos da Maloni, a primar pelos viçosos tons indianos... - dos elefantes ajaezados e dos turbantes de pedrarias, enquadrados em perfeitos sorrisos de tom canela, julgo ter visto, ali na tela, o strip-tease da alma da Índia.
O final do filme parece desconcertante.
Mas, afinal, nos seus vivos e dolorosos contrastes, não será a própria Índia um desconcerto?...
(No Happy) End.















terça-feira, 6 de agosto de 2019

(Foto e edição: celine)

No sentido religioso ou no sentido espiritual, a peregrinação é um caminho de luz.
Da suave luz do amanhecer à reconfortante luz do entardecer, por trilhos distorcidos, caminha-se em silêncio, na intenção de despertarmos a luz do Eu interior que ilumina (ou espera-se que ilumine...), com um crescendo de intensidade, o caminho, um outro, que se nos descobrirá nos restantes dias da nossa vida.
Ao fim e ao cabo, neste esforço de resiliência, percebemos que somos nós a nossa própria luz.

Un Bo Camiño para todos!