sexta-feira, 16 de agosto de 2019




Confesso que fui atrás da fotografia. Da palavra "fotografia".
Seguindo-se à degustação de "A Lancheira", será este, então, o novo cinema indiano, sem o "music hall" e o "happy end", com que Bollywood sempre nos embalara na grande tela.
Os planos das cenas, com algumas pausas de silêncio - a lembrar-nos Wong Kar-Wai, no seu fabuloso "In the Mood for Love" -, imagens cruas da exuberância do colorido e dourado com que os cartazes de turismo, à maneira bollywoodesca, pincelam a Índia venal.
Fora do desfile dos vistosos saris - são, todavia, subtis as cenas da escolha dos tecidos da Maloni, a primar pelos viçosos tons indianos... - dos elefantes ajaezados e dos turbantes de pedrarias, enquadrados em perfeitos sorrisos de tom canela, julgo ter visto, ali na tela, o strip-tease da alma da Índia.
O final do filme parece desconcertante.
Mas, afinal, nos seus vivos e dolorosos contrastes, não será a própria Índia um desconcerto?...
(No Happy) End.















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