Confesso que fui atrás
da fotografia. Da palavra "fotografia".
Seguindo-se à
degustação de "A Lancheira", será este, então, o novo cinema indiano,
sem o "music hall" e o "happy end", com que Bollywood
sempre nos embalara na grande tela.
Os planos das cenas,
com algumas pausas de silêncio - a lembrar-nos Wong Kar-Wai, no seu
fabuloso "In the Mood for Love" -, imagens cruas da exuberância do
colorido e dourado com que os cartazes de turismo, à maneira bollywoodesca,
pincelam a Índia venal.
Fora do desfile dos
vistosos saris - são, todavia, subtis as cenas da escolha dos tecidos da Maloni,
a primar pelos viçosos tons indianos... - dos elefantes ajaezados e dos turbantes
de pedrarias, enquadrados em perfeitos sorrisos de tom canela, julgo ter visto,
ali na tela, o strip-tease da alma da Índia.
O final do filme
parece desconcertante.
Mas, afinal, nos seus
vivos e dolorosos contrastes, não será a própria Índia um desconcerto?...
(No Happy) End.
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