VÉSPERA DE CONSOADA
quinta-feira, 23 de dezembro de 2021
quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
terça-feira, 21 de dezembro de 2021
quarta-feira, 24 de novembro de 2021
MEMÓRIAS
NUMA CASA VAZIA (I-VII)
(narrativa
visual)
Uma fotografia é, de qualquer modo, um registo pro memoria.
O fotógrafo, ou quem faz as vezes dele, regista factos ou actos que
observa, que podem ser vistos e revistos incontáveis vezes. Já a memória
dilui-se, esfuma-se, enevoa-se, confunde-se... e, assim, se vai perdendo no
decurso do tempo.
As imagens da memória dificilmente serão uma reconstrução da realidade dos
factos e ou dos actos, de algum modo, vividos; na maioria das vezes, não passam
de uma névoa, um borrão, uma figura indistinta...Um entrever de factos e actos
que, por causa dessa imprecisão, pode revelar-se uma ficção de algo que
acreditamos ter ocorrido como nos lembramos.
Ora, uma narração é uma exposição de factos reais ou fictícios. E com o
acto fotográfico não se documenta apenas um facto, fixa-se, também, uma
memória, que se vai (re)compondo em narrativa na nossa mente.
"Nós somos capazes de raciocinar através de imagens e são essas
imagens que constituem a nossa mente", observa o neurocientista António Damásio no programa "Deus
Cérebro", que passou recentemente na RTP2.
E como é que se conta uma história através de imagens? Uma narrativa
visual, que seja idónea a percepcionar emoções - pelos jogos de luz, de cores,
de movimentos, ou por um qualquer artifício da
técnica fotográfica?...
Como seleccionar e organizar as imagens de forma coerente, reveladora de
uma identidade visual e que, simultaneamente, faça sentido e conte uma
história - ou que motive o seu leitor a pensar numa história.
"Se exceptuarmos o campo da Publicidade, em que o sentido só deve ser
claro e distinto em função da sua natureza mercantil, a semiologia da
Fotografia está, pois, limitada às execuções admiráveis de alguns retratistas.
Quanto ao resto, quanto ao conjunto das «boas» fotos, tudo o que podemos dizer
é que o objecto
fala, induz, vagamente, a pensar. (...) No fundo, a Fotografia é subversiva
não quando assusta, perturba ou até estigmatiza, mas quando é pensativa.",
(Roland Barthes, A Câmara Clara (Nota sobre a Fotografia), Edições
70, Novembro 2019, pp. 45-47).
Como atribuir um significado comum e dinâmico a uma justaposição de
fotografias isoladas, definindo, assim, o «fio condutor» de uma narração
visual?
Não sei responder exactamente às questões formuladas, mas a proposta que,
aqui, se apresenta é um ensaio de narrativa visual pelo acto fotográfico - e
que, talvez, faça pensar em alguma coisa...
sábado, 13 de novembro de 2021
"Todos nós nascemos loucos. Alguns permanecem." (Samuel Beckett)
Segundo o fotograma do filme "A Estrela do Mar" (1928), de Man Ray.
Um mestre, incontornável, que afirmou ser a fotografia "uma maravilhosa descoberta dos pormenores que, sem ela, a nossa retina nunca poderia registar".
Este fotograma remete-nos para um arquivo onírico, em que o improvável dos sonhos (o surrealismo do subconsciente...) se pode revelar (e registar!) na realidade, e aqui através da fotografia - uma imagem descomplexada, aberta à leitura e interpretação, sem contudo, com ela se confundir.
E, nesta perspectiva, todas as imagens (aqui, fotográficas, já se vê) contêm sempre algo de espantoso, de extraordinário ou de extravagante e, por vezes, de belo. Ou de loucura...
E provavelmente quem faz colagens de cartazes publicitários apenas se inspira no pragmatismo do espaço disponível para o formato do cartaz.
A arte é plástica, na diversidade de conceitos e ela própria conceptual.
Será o acto de criação do artista, mais ou menos consciente da aptidão artística, ou melhor, da plasticidade artística da obra criada, ou da criatura.
Mas será, para além disso, também um modo de ver. De ver como as coisas se encaixam no mundo, como se envolvem no ambiente - natural, social, cultural - revelando-se, por vezes, de modo natural, sem pré-conceito, sem premeditação.
E quem olha a criação, pode sempre descobrir naquele acto natural um outro sentido artístico.
ArTe será, igualmente, um modo de ver - vidé "Modos de Ver", de John Berger.
quinta-feira, 26 de agosto de 2021
(Rainer Maria Rilke, "Primeiro Livro - Livro da Vida Monástica", poema 31, in O Livro de Horas)
terça-feira, 24 de agosto de 2021
terça-feira, 6 de julho de 2021
quarta-feira, 5 de maio de 2021
sexta-feira, 23 de abril de 2021
(Dia Mundial do Livro)
sábado, 6 de março de 2021
terça-feira, 23 de fevereiro de 2021
domingo, 21 de fevereiro de 2021
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
DE ONDE VEM A COR? (VI)
sábado, 13 de fevereiro de 2021
Quem se conhece a si próprio é esclarecido.
Quem vence os outros é forte.
Quem se vence a si próprio é poderoso.
Quem se contenta com o que tem é rico.
Quem avança com determinação, tem força de vontade.
Quem não abandona o seu lugar perdura.
Quem morre sem desaparecer vive uma longa vida."
(Lao Tse, Livro do Caminho e do Bom Caminhar)
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
Que se finca, se apoia, delicadeza, fria abundância.
A matéria pensa. As madeiras
incham, dão luz. Apuram tão leve açúcar,
tal golpe na língua. Espaço lunado onde a laranja
recebe soberania.
E por anéis de carne artesiana o ouro sobe à cabeça.
A ferida que a gente é: de mundo
e invenção. Laranja
assombrosamente. Doce demência, arrancada à monstruosa
inocência da terra."
(Herberto Helder, "Última Ciência", v.3-§9, in Ofício Cantante)
sábado, 30 de janeiro de 2021
"Onde a lira triste que segue a flauta repentina?
Por veredas infindáveis, onde florescem cerejeiras, num cais de salgueiros curvados.
A Senhora da Casa Leste envelhece e ninguém a ama.
O sol branco ao meio-dia, o último mês da Primavera quase a findar.
A Princesa Li-yang tem catorze anos.
Quando o dia refrescar, depois da Festa da Chuva, um encontro junto à sebe
Regressa a casa, volta-te na cama até à quinta hora.
Duas andorinhas, nos beirais, ouvem o longo suspiro."
(Li Shang-yin, Chuva na Primavera e Outros Poemas)